quarta-feira, 8 de maio de 2013

A gramática e a teoria de Bakhtin


Conforme a teoria de Bakhtin, a utilização da língua
efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos)
(1992, p. 279). Isto quer dizer que todo e qualquer uso
de algum recurso lingüístico deve ser estudado no âmbito
da sua realização, em função da intenção do locutor, da
imagem que ele tem de seu ouvinte, da situação sociohistórica da qual faz parte. Elaborar um enunciado sob
essas condições diz sobre seu estilo e caracteriza um
gênero discursivo.
Bakhtin aponta, então, que, diferentemente do que
prescreve a Gramática Tradicional, a estilística se refere
aos gêneros. Se a primeira vê um fato lingüístico concreto como fato gramatical, pois o faz desde o ponto de
vista da língua, a estilística o encara como um fato
estilístico, pois é visto desde o enunciado individual.
Assim, para o autor, aprender uma língua e estudar sua
gramática diz sobre tornar esses fatos gramaticais fatos
estilísticos.
Tradicionalmente, a Gramática propõe o estudo de
orações. Procura-se analisá-las através de suas subdivisões em palavras, morfemas, fonemas. Essa abordagem
dos fatos lingüísticos não considera que há um locutor
que proferiu a oração, em uma determinada situação, em
resposta a uma outra fala e antecipando a reação de seu
ouvinte; ou seja, não consideram que esta oração é um
enunciado. Bakhtin propõe que se estude os aspectos
gramaticais tendo em vista esta série de fatores que contribuem para a elaboração de um enunciado, porque:



A língua materna – a composição do seu léxico e sua
estrutura gramatical –, não a aprendemos nos dicionários e nas gramáticas, nós a adquirimos mediante
enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos
durante a comunicação verbal viva que se efetua com
os indivíduos que nos rodeiam (op. cit., p. 301).


Para procedermos com a discussão acerca da análise
lingüística em sala de aula à luz da teoria de Bakhtin, é
preciso aprofundar a noção de gêneros do discurso.

Fonte: Revista Eletrônica: Kuhn, T. Z. & Flores, V. N



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